Ações de Sustentabilidade Já Zair Ferraz:A era sustentável

Nesta semana, durante o encontro da conferência Rio+20, aconteceu uma reunião de extrema importância promovida pelo grupo C40, das maiores cidades mundiais, com intuitos e metas para que essas cidades colaborem para com o desenvolvimento sustentável. O texto elaborado pelo grupo fala da redução de 45% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, deixando de lançar na atmosfera cerca de 1,3 bilhão de toneladas de gases.
É significativa a participação das megacidades nesse embate de ideias ecológicas. São 58 cidades afiliadas ao grupo, uma a cada doze pessoas do planeta vivem nelas e a tendência é de crescimento. A participação das cidades é válida não apenas pelos números que representam, mas por tornar mais próximo as discussões com a população, reduzindo a questão global e nacional ao local, onde se presencia o cotidiano de nossas ações.
As cidades são uma das maiores conquistas da humanidade. São nelas que a sociedade fincou as bases da relação em grupo, do crescimento econômico, do crescimento intelectual, de novas soluções para o aprimoramento da convivência em um espaço caótico e mutante. Se a urbanização levou progresso e melhorou a vida da humanidade, trouxe também problemas inerentes a ela. As discussões levadas pelo grupo C40 a Rio+20, dos gases de efeito estufa, são um dos problemas que a urbe enfrenta. Tão antigo quanto a humanidade, o lixo é um entrave sério para o desenvolvimento sustentável. A limpeza pública foi um conceito que se conquistou a muito custo através dos séculos. Vale lembrar que em muitas cidades medievais, os dejetos eram jogados no próprio leito carroçável, ao ar livre e, na época do Brasil colônia, os escravos transportavam barris contendo lixo das casas para ser despejados em rios e lagoas.
Passados tempos, a urbanização desenfreada, de planejamento ineficiente, gerou caos, inoperância, e falência administrativa de recursos e usos públicos. Além do aumento da quantidade de lixo, deixados em inóspitos aterros inertes aos olhos da natureza e da sociedade, os deslocamentos cada vez mais amplos geram desperdícios. O crescimento de cidades como São Paulo e cidade do México, patrocinadas por órgãos públicos, fizeram expandir os limites extremos da urbe, desvinculados com o centro dotado de infraestrutura e melhores condições de deslocamento. A criação de zonas de uso para trabalho, lazer e moradia exigem deslocamentos em excesso e, casos como das cidades citadas acima, o aumento do número do automóvel particular aliado à ineficiência do transporte coletivo público agrava a qualidade do desenvolvimento da cidade, gerando trânsito, poluição do ar com queima de combustíveis fósseis (agravando o efeito estufa - daí a preocupação das cidades do C40), perda de tempo e recursos.
O modelo de núcleos compactos e mistos é um contraponto ótimo na gestão dos recursos da cidade. Núcleos compactos geram economia de recursos, tempo, deslocamento e soluções energéticas. Cidades que planejam ações visando o aproveitamento ideal do espaço coletivo, com densidades adequadas aliadas ao transporte de massa, gestão moderna dos resíduos gerados e o seu reaproveitamento, como a reciclagem do lixo e a geração local de energia - diminuindo a poluição e a quantidade do lixo - são essas cidades que representam o ápice da evolução das soluções da urbanização.
Maximizar a utilização e reutilização de recursos e minimizar o desperdício são o que podemos dizer de um desenvolvimento realmente sustentável. Que a atual e as futuras gerações de planejadores afirmem o compromisso de que cidades são os melhores meios de se conviver em harmonia com o planeta.