Ações de Sustentabilidade Já Zair Ferraz:RS: candidatos firmam pacto por gastos sociais para a Copa 2014

 

MARIANA BITTENCOURT
Direto de Porto Alegre

Seis dos sete candidatos à prefeitura de Porto Alegre assinaram nesta segunda-feira um pacto no qual eles se comprometem a garantir investimentos sociais como parte da organização da Copa do Mundo de 2014, da qual a capital gaúcha será uma das sedes. Os prefeituráveis firmaram três compromissos: de garantir o acesso da população ao esporte, de ter transparência com os gastos públicos e de estimular ações para o desenvolvimento sustentável. Os candidatos Adão Villaverde (PT), Manuela D'Ávila (PCdoB), Roberto Robaina (PSol) e Jocelin Azambuja (PSL), além dos concorrentes a vice-prefeito Sebastião Mello (PMDB, da coligação de José Fortunati-PDT) e Marco Dangui (PRB, da coligação de Wambert di Lorenzo-PSDB), participaram do evento.

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A ex-jogadora de vôlei Ana Moser, presidente da associação Atletas pela Cidadania, apresentou o Termo de Compromisso Cidades do Esporte, que busca tornar o esporte acessível e desenvolver uma cultura esportiva. O empresário Oded Grajew, presidente emérito do Instituto Ethos, e Felipe Saboya, coordenador de Políticas Públicas da instituição, apresentaram, respectivamente, os programas Cidades Sustentáveis e Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios.

O primeiro a assinar o termo foi Adão Villaverde, que lembrou a importância do Fórum Social Mundial para a transparência e o controle social em Porto Alegre. "A gestão pública não pode prescindir de duas coisas: o diálogo - a participação - e o controle social sobre ela, sob pena dela despregar a verdadeira origem de representação que lhe foi conferida", disse o petista.

Villaverde criticou a política da atual administração no que diz respeito aos esportes e prometeu aumentar os investimentos na área. Sobre sustentabilidade, o candidato afirmou que Porto Alegre, "que foi capital número um em qualidade de vida do nosso País" recuou em vários sentidos. "O tema da sustentabilidade será eixo dos nossos programas, das nossas ações. Sustentabilidade na gestão, na cultura, nas políticas sociais, na questão ambiental do ponto de vista do desenvolvimento. Sustentabilidade inclusive e sobretudo na saúde", disse Villaverde.

Jocelin Azambuja assinou o termo de compromisso antes de fazer um discurso cheio de críticas às políticas de educação no País - ele comparou o Brasil à Coreia do Sul no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Londres. "A Coreia foi o 5º país no quadro de medalhas. Sabe qual é o tamanho da Coreia e o tamanho do Brasil (que ficou em 22º no ranking)? Eles investiram maciçamente o PIB deles em educação, e nós em corrupção", disse o candidato. "Nós vamos assinar termos, quantos termos forem necessários. O problema todo será cumpri-los. Ninguém quer cumprir. As leis que são feitas são descumpridas", afirmou Azambuja.

A candidata Manuela D'Ávila discursou após Azambuja e falou das propostas de sua campanha relacionadas aos temas assinados no compromisso. Sobre transparência, ela criticou a forma como os sites disponibilizam as informações, "porque há a necessidade de conhecimento técnico por parte daqueles que acessam". "Se eu preciso de algum tipo conhecimento para ter acesso ao dado, (...) como hoje o site da prefeitura nos exige (...), isso não é transparência real", disse. A candidata reafirmou projetos como a retomada dos fóruns de serviços do Orçamento Participativo, a unificação da interface dos serviços da prefeitura e a exigência de ficha limpa aos cargos comissionados (CCs).

Sobre esporte, Manuela afirmou que o problema é a baixa cota do Orçamento para esses projetos: "Nós temos 0,3% do Orçamento municipal com o esporte, aí a gente não sabe por que tem um resultado olímpico ainda baixo (...). Nós precisamos garantir um orçamento de 1% ao menos". A respeito de sustentabilidade, a candidata disse assumir quatro compromissos: a combinação do desenvolvimento econômico com territorial, o plano cicloviário, o desenvolvimento da zona rural de Porto Alegre e o aumento da quantidade de lixo reciclado na cidade.

O candidato a vice na chapa de Wambert di Lorenzo, Marco Dangui, falou sobre o lago Guaíba, um dos cartões postais da cidade: "antes de morrer, eu quero poder mergulhar no Guaíba depois de caminhar ou correr". Dangui afirmou que as pessoas, o Estado e as empresas têm que "trabalhar em harmonia, e o político é o grande encarregado de fazer o resultado final que esses três elementos irão produzir (...), mas não adianta nós só olharmos as contas, temos que ver os resultados".

Marco Dangui defendeu a preparação dos professores de educação física antes da construção de ginásios nas escolas. "Não é o esporte de alto rendimento que temos que trazer para as escolas iniciais (...), é ensinarmos as crianças a correr, a saltar, a ter flexibilidade. As pessoas é que têm que ser investidas", disse o candidato a vice-prefeito.

Roberto Robaina distribuiu críticas envolvendo a gestão de projetos sobre esportes, começando pelo Ministério dos Esportes. "Eu não acho que o ministério dos Esportes, nos últimos 10 anos, tenha cumprido um papel efetivo para valorizar os esportes. (...) Os dados do Instituto dos Atletas falam por si mesmo: 30% das escolas não têm professor de educação física", afirmou.

O candidato do PSol também criticou os gastos municipais com obras para a Copa do Mundo de 2014. "A prefeitura aceitou - o que eu considero um gravíssimo erro - que os gastos com a Copa, que começaram em R$ 300 milhões, agora sejam de R$ 800 milhões", afirmou ele.

O vice da chapa de José Fortunati, Sebastião Mello, buscou defender a atual administração das críticas e, segundo ele, "contextualizar algumas coisas que foram colocadas". Ele lembrou o início da coleta seletiva em Porto Alegre, "no governo Olívio Dutra, nos anos 90, separando lixo no bairro Bom Fim. (...) Se estendeu e hoje 100% tem coleta seletiva". "Hoje essa cidade vai chegar ao fim do ano tratando 80% de seu esgoto. Isso é sustentabilidade", disse Mello.

O candidato a vice de Fortunati disse a Roberto Robaina que Porto Alegre "é a única do Brasil que não botou um centavo do dinheiro público nos estádios". "Todas as obras foram pensadas em razão das pessoas. (...) Eu recebo isso como um elogio. Eu queria gastar R$ 1 milhão, R$ 2 milhões em obras que vão ficar para a cidade", disse ele. Sebastião Mello rebateu as críticas sobre falta de investimentos em esportes dizendo que "há um contexto no Brasil do qual nós somos parte".

Entre os candidatos a prefeito de Porto Alegre, apenas Érico Correa (PSTU) não assinou o pacto. O prefeito e candidato à reeleição, José Fortunati, assistiu à apresentação do evento, mas precisou deixar a cerimônia devido a um compromisso. Wambert di Lorenzo tinha uma entrevista no mesmo horário.

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