LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
Após defender com veemência o vice-governador Chico Daltro (PSD) na tribuna, o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), voltou a dizer que o correligionário nunca esteve envolvido em discussões sobre o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e, portanto, não pode ser acusado de envolvimento nas supostas irregularidades denunciadas pelo site UOL Esportes.
“O vice-governador Chico Daltro, em nenhum momento, esteve envolvido em discussão sobre VLT, muito menos em processo licitatório. As pessoas que participaram da discussão estão fora do foco: os ex-secretários, ex-diretores, atual secretário, o governador”, afirmou.
Riva tachou o deputado Emanuel Pinheiro (PR) de "irresponsável" e disse que o republicano tentou fazer uma ligação entre Daltro e a suposta fraude. Na manhã de ontem (22), Pinheiro cobrou na tribuna que o vice-governador desse explicações sobre o caso, devido ao fato de seu ex-assessor, Rowles Magalhães Pereira da Silva, ter denunciado ao UOL que teria havido direcionamento na licitação do VLT, com pagamento de R$ 80 milhões em propina a membros do governo.
“Eu tenho muito respeito pelo deputado Emanuel Pinheiro, mas no mínimo ele conseguiu colocar sob suspeita um companheiro que não deve, e por isso que nós defendemos. É uma irresponsabilidade. O vice-governador não tem nada a ver com a história. Não podemos colocar uma pessoa sob suspeita de forma irresponsável”, disparou.
“Não é porque o Chico Daltro tem um funcionário que está sendo envolvido em uma situação sugerindo que ele seja lobista, que ele vai ter que pagar pelo que não fez. O que nós fizemos foi defender um companheiro que não tem nada a ver com a situação”, afirmou.
Lobista
Riva disse que Rowles foi contratado para trabalhar com projetos, área na qual é especialista. Ele afirmou que ninguém tem “estrela na testa” indicado que seja lobista, portanto não haveria como Daltro saber disso.
“Pode ter lobista trabalhando em qualquer gabinete aqui da Assembleia. Se eu constatar algum no meu gabinete, vou demiti-lo. Mas eu preciso saber, e o vice-governador não era obrigado a saber que o cara era lobista”, pontuou.
O deputado disse, ainda, que não se pode afirmar, também, que Rowles tenha feito lobby, porque não há provas. “Não podemos dizer que o Rowles é um lobista. Quem pode comprovar isso? Eu conheci o Rowles há pouco tempo, então nós não temos condições de sair por aí afirmando que ele é lobista. A demissão dele, porém, foi uma atitude acertada. A partir do momento que surge uma denúncia, eles tinham que tomar uma providencia, e tomaram”,
Transparência
José Riva defendeu que o Governo do Estado se explique a respeito das denúncias feitas por Rowles. Na avaliação do social-democrata, porém, quem deve explicações é o governador Silval Barbosa (PMDB), e não o vice Chico Daltro – mesmo que Rowles estivesse lotado no gabinete na vice-governadoria.
“Eu entendo que é uma decisão do governo, de repente, de silenciar. Mas eu e o vice-governador Chico Daltro fomos até o governador e pedimos que ele se manifestasse. Porque ninguém melhor que o governador Silval Barbosa para dizer que o Chico Daltro não tem nada a ver com essa situação. E o governador ficou de dar uma declaração nesse sentido. É importante dar uma explicação para a sociedade”, disse.
Apesar de ter criticado a fala de Pinheiro, José Riva concordou com o convite feito pelo deputado José Domingos Fraga (PSD), para que Daltro compareça à Assembleia para explicar os fatos. “A manifestação do PSD é no sentido de dar transparência. Eu acho que é importante a Assembleia esclarecer isso, até para que a sociedade saiba que o vice-governador não tem nada com o Rowles. Não podemos admitir mais essas informações levianas”, disse.
“Nós defendemos o sistema, defendemos o modelo, mas entendemos que o processo de licitação tem que ser correto. E, se há alguma denúncia de alguma irregularidade, tem que ser apurada”, completou.
Denúncias infundadas
O deputado criticou, também, a atitude da deputada Luciana Bezerra (PSB), que disse, em entrevista ao UOL, que foi ameaçada para parar com suas investigações sobre supostas irregularidades na licitação do VLT. Ele disparou, também, contra denúncias que ela fez que não se confirmaram.
“Eu vi a deputada Luciana Bezerra falar na tribuna que já estava acertado para o consórcio da construtora Mendes Junior ganhar. E não ganhou. Ficou todo o governo exposto, todos nós expostos, passamos por uma série de sabatinas, inclusive da própria imprensa. Aí outra empresa ganha. E ela vem a público e diz que foi ameaçada?”, reclamou.
De acordo com Riva, ela deveria ter denunciado a ameaça imediatamente, e registrado um boletim de ocorrência (B.O.) sobre o caso. “Ela teria informado à Assembleia sobre a ameaça imediatamente. Inclusive, feito uma ocorrência. Não estou aqui questionando se ela foi ou não foi ameaçada, mas sim dizendo que, se foi, ela agiu de forma errada. Ela deveria ter pedido a investigação para saber quem a ameaçou. Isso acaba colocando em cheque pessoas que às vezes não devem nada”, criticou.
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